quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A parte mais temida chegou: dia do visto

Infelizmente brasileiros precisam de visto prévio para entrar nos Estados Unidos, seja qual for o motivo da viagem: intercâmbio, trabalho temporário, turismo e etc. A recíproca existe: cidadãos dos EUA precisam de visto prévio para entrar no Brasil, mas esse não é o assunto do post de hoje.
Todos os intercambistas têm medo do visto. Há certas lendas que acabam nos amedrontando e eu vou contar como foi a minha experiência em São Paulo, porque ela não foi nada daquilo que eu imaginava, foi muito mais tranquila.
Primeiro de tudo: se preparem para filas e mais filas. O consulado dos EUA atende 1.500 pessoas por dia, o que faz desse posto o maior emissor de vistos americanos no mundo (leia mais aqui). Tem fila para entrar no consulado, fila para passar no detector de metais, fila pra retirar senha para as impressões digitais, fila para a pré-entrevista, fila para a entrevista, fila para pagar o sedex... Ufa!
Fila do lado de fora do Consulado em São Paulo

Já vamos começar falando das coisas que você deve levar para o Consulado: uma caneta e seus documentos são suficientes. Não leve celular, câmera, ipod, pen drive, pinça, cortador de unha, cremes, pasta de dentes, enfim, nada disso pode entrar no Consulado, e lá não tem guarda-volumes. Os que ficam fora cobram 5 ou 10 reais para guardar os objetos, sendo que não temos nenhuma garantia de que eles estarão lá quando voltarmos. Você também pode levar uma garrafa d'água porque você vai ficar umas 3 ou 4 horas lá, no mínimo, mas você terá que beber um gole no momento em que for passar pelo detector de metais para "provar" que não é nada químico ou algo do tipo.
Você deve ter o comprovante de agendamento em mãos ao entrar no Consulado, pois uma funcionária verificará se você está na data certa através de um leitor do código de barras. Ainda na fila do lado de fora, um funcionário veio e nos ajudou a separar os documentos que deveríamos apresentar na pré-entrevista. Esses documentos são o passaporte, o DS2019, o comprovante de pagamento City Bank, comprovante de pagamento da taxa Sevis e a carta de recomendação da agência. Depois disso a gente passa pelo detector de metais do qual falei antes e segue para a fila para retirar uma senha.
Essa senha que eu falo servirá, depois, para que você tire suas impressões digitais. Ao retirar sua senha você vai para a pré-entrevista, que no meu caso foi apenas para entregar toda a documentação separada no início.
Feita a pré-entrevista você deve aguardar até que a sua senha seja chamada no painel para tirar as impressões digitais. Eu levei pouco mais de uma hora depois da pré-entrevista para que fosse chamado para fazer as impressões. Nesse momento o funcionário já é americano e já está falando em inglês. Primeiro você coloca os quatro dedos da mão esquerda (sem o polegar) no detector, depois os quatro da mão direita e, por fim, os dois polegares juntos. Façam força porque o detector é bem ruinzinho. Feito isso você vai para a fila das entrevistas, que é interminável.
Aqui se tem, novamente, mais de uma hora de espera. Agora eles não chamam mais por senha, mas é uma fila única. Quando chega a sua vez, você vai para o guichê que ficar livre. Minha entrevista foi super tranquila, a vice-cônsul foi bem simpática comigo. Aqui, novamente, já estamos falando tudo em inglês. Não gosto de escrever em outro idioma no blog, vocês sabem, mas vou fazê-lo agora apenas para reproduzir o que aconteceu na entrevista:
Vice-cônsul: Bom dia.
Christian: Bom dia.
Vice-cônsul: Do you speak English? (Você fala inglês?)
Daí em diante ela partiu para o inglês. Foram apenas duas palavras em português e o resto foi tudo no idioma dela, safadinha. Ela se focou muito no meu estudo: perguntou onde e o quê eu estudava, quando eu disse que era letras ela perguntou quantas línguas eu falava, depois perguntou quando eu me formarei e quando eu tinha começado a estudar. Nesse momento não me vinha o 2009 na cabeça, travei bonito. Olhei pra ela e falei que estudava há dois anos, e em seguida pedi desculpas e falei que estava muito nervoso. Ela disse que eu estava bem e que o meu visto tinha sido aprovado e que era para eu proceder para o pagamento do Sedex. Eu, brasileiro que sou, não acreditei e falei "é mesmo?", com um sorriso enorme no rosto. Em seguida agradeci, ela sorriu de volta e também me agradeceu. A entrevista em si não durou 2 minutos. Saí e entreguei o envelope para o rapaz da Egali que cuidava do Sedex e pronto, estava liberado. A sensação foi incrível, 3 toneladas mais leve.
Não vou dizer que vocês precisam ficar calmos porque eu sei que é impossível. Entretanto pensem nos números: apenas 5% dos vistos J-1 são negados e se você estiver com toda a documentação em dia e responder claramente as perguntas - questione se você não entender alguma, isso não é problema - não há motivo para que neguem o visto. Vá com confiança. A gente se vê nos Estados Unidos!