No próximo domingo, 31, os próximos 4 anos do Brasil serão decididos nas urnas. Certamente esse segundo turno - considerado o mais acirrado desde a redemocratização, em 1989 - teve altos e baixos para os dois lados da campanha. Sem dúvida o episódio mais lamentável foi a agressão sofrida pelos candidatos. José Serra foi atingido por um objeto (uma bolinha de papel, uma bobina de fita adesiva, não importa) enquanto fazia uma passeata no Rio de Janeiro. No dia seguinte, aqui em Curitiba, Dilma Rousseff foi alvo de balões d'água, que felizmente não acertaram a candidata. Episódios lamentáveis que não fazem jus a nossa democracia, que é a quarta maior do mundo.
Deixando o murmúrio de lado, gostaria de expor aqui os motivos que me levam a votar no candidato da oposição. Lula adora esbravejar por aí que ele recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento e endividado do PSDB. Isso é meia verdade. Parece que o presidente esqueceu a quem se deve a introdução da atual política monetária, que proporcionou a estabilidade econômica e o controle da inflação e que hoje, 15 anos depois do início do plano real, nos faz desfrutar de financiamentos a longo prazo, maior acesso ao crédito e mesmo a queda da taxa de juros -embora ainda seja a mais alta do mundo (quando considerada a taxa real). Aliás, aqui já temos uma vantagem para os tucanos: FHC recebeu o governo com uma taxa de
54,51% e, nos 8 anos de mandato, reduziu para
19,10%. Uma queda de
35 pontos, mais ou menos. O governo do PT, que recebeu com a taxa em 19,10%, reduziu para
10,44%, arredondando a favor da situação, uma queda de
9 pontos percentuais.
O plano de desenvolvimento também existia no governo do saudoso Fernando Henrique Cardoso. Por exemplo, com o fim do monopólio na extração de Petroléo, a Petrobras - que, diga-se de passagem, nunca sofreu risco de privatização - triplicou a produção. A Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede que estados e municípios se endividem a fim de fazer obras faraônicas, deixando a conta para os sucessores, também é do governo tucano.
PRIVATIZAÇÕES
Acho que faltou, nessa campanha do Serra, um afinco maior em defesa das privatizações, todas benéficas para a população. No caso da Telebrás, por exemplo, eu lembro da minha vó indo até a casa da vizinha para usar o telefone porque era muito caro ter um em casa. Aliás, quem tinha telefone precisava declarar no imposto de renda! Hoje isso parece absurdo, não é? É amigo. A privatização da Telebrás trouxe para o Brasil a
5ª posição mundial em número de linhas telefônicas: em 2009, eram quase 192 milhões, entre fixas e celulares. O caso mais discutido é o da Vale, que também foi benéfico para o Brasil. Infelizmente não encontrei números de 2010, mas tenho números de 2006 para compararmos, publicados no jornal
O Estado de S. Paulo:
- Em 1997, a Vale, então controlada pelo governo, pagou para a União US$ 110 milhões em impostos e dividendos. Em 2006, esse valor foi de US$ 2,6 bilhões. 23 vezes mais;
- A Vale estatal tinha 11 mil empregados. A Vale privada tinha, em 2006, 56 mil;
- A produção mais que dobrou: passou de 100 milhões de toneladas para 250 milhões;
- Por fim, em 54 anos como estatal, a Vale investiu US$ 24 bilhões. Em seis anos como privada, foram US$ 45 bi.
Eu não tenho dúvidas que de o Estado não atingiria esses valores, simplesmente porque o Estado
não é um bom administrador. Não precisamos pesquisar para isso, basta irmos a qualquer repartição pública. Mesmo eu, que estagiei em uma, sei como é. Temos, também, o caso da Embraer, que hoje, após a privatização, é a
terceira maior fabricante de aviões do mundo, e fala de igual para igual com a Boeing e a Airbus, levando o nome do Brasil ao mundo inteiro.
É fato, sim, que o FHC entregou o governo com um empréstimo do FMI em andamento. Esse empréstimo, feito em 2002, foi efetuado com a autorização do presidente-eleito, o Lula, e 80% dos recursos foram liberados apenas em 2003, para que o governo do PT tivesse como caminhar no primeiro ano.
O mercado tremeu quando o Lula foi eleito, e isso não é culpa do FHC. O fato é que um governo petista é temido até hoje. Quando o Serra subiu nas pesquisas, as ações da Petrobras, por exemplo, subiram junto.
Os analistas consideram o tucano um melhor administrador público, como pode ser lido
aqui.
EDUCAÇÃO
O governo do PSDB também mudou a cara da educação no nosso país. Foi o presidente Fernando Henrique quem colocou
97% das crianças de sete aos quatorze anos na escola através do programa
Toda Criança na Escola.
O bolsa-escola (que mais tarde, junto com o vale-gás e outros programas criados no governo FHC, se tornaria o bolsa-família)
cobria, à época, 5 milhões de famílias.
AUMENTO DA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO
Lula grita aos quatro ventos que foi o governo que mais tirou gente da pobreza. Bem, isso é verdade, mas também é verdade que se deve a uma série de iniciativas implementadas pela gestão tucana.
A redução de pobreza, embora mais acentuada no governo atual, também aconteceu no anterior, passando de
35 para 28% da população. Além disso, no governo FHC o
aumento real do salário mínimo foi de 47%, praticamente os mesmos 49% aumentados no governo Lula. Indo um pouco mais além, foi a gestão anterior que
colocou o SUS em prática, dando atendimento médico gratuito para toda a população. Ainda na saúde,
o programa de combate à AIDS foi reconhecido com um dos melhores do mundo também no governo tucano.
ECONOMIA
Agora a parte que eu mais gosto: economia. A dívida interna saltou de
R$ 650 bilhões no governo FHC para
R$ 1,2 trilhões. O PT já fez mais de 100 mil nomeações (empregos em estatais sem concurso público), sem contar os 60 mil nomeados para cargos de confiança, em todas as esferas. Os gastos com pessoal, na máquina pública, cresceram mais de 70% no atual governo. Enquanto isso há uma luta para dar aumento aos aposentados e pensionistas.
Para finalizar, vou resumir os motivos que me levam a votar no Serra: espero dele um governo enxuto, com vários cortes de gastos (principalmente com pessoal) e manunteção de investimentos, aumento real do salário mínimo e o crescimento sustentável do Brasil, a taxas acima de 5% ao ano. Aliás, a revista britância
The Economist concorda comigo, como podemos ver
aqui. A publicação diz que o Serra é o único capaz de cortar a crescente folha de pagamento do governo. É hora de parar de esbanjar, precisamos pensar no futuro. Eu não quero, nos próximos anos, pagar uma conta astronômica dessa política lulista. Portanto, no próximo domingo, pense, reflita e decida pelo melhor.